–
–
Uma estudante de história da arte, 1972
Ivan Stepanovich Ivanov-Sakachev (Rússia, 1926-1980)
têmpera e guache sobre eucatex, 124 x 100 cm
–
O jornal Moscou Times traz o aviso de que na noite do próximo dia 19 para 20 de abril, Moscou terá sua segunda “Biblionoch” — uma noite de incentivo à leitura, onde livros são trocados ou são deixados em lugares públicos para serem apanhados por qualquer pessoa que os queira ler. Tudo feito de maneira anônima.
“Biblionoch” significa noite de livros e nessa noite muitas livrarias e bibliotecas da capital russa irão ficar abertas para o evento, que se pautou nas noites abertas dos museus, um acontecimento já bastante conhecido e divulgado na mesma cidade, chamado de “Noite dos Museus”.
No ano passado, o evento foi quase improvisado e assim mesmo teve a participação de 30 bibliotecas de Moscou. E no país mais de 750 organizações tiveram noite semelhante. Este ano a “Biblionoch” conta com participação de grandes e conhecidas bibliotecas tais como Turgenev e Nekrasov e o Winzavod Centro de Arte Moderna.
Além disso, haverá diversos jogos e brincadeiras, entre elas uma maratona de leitura que irá determinar que escritores contemporâneos mais contribuiram para a leitura dos residentes de Moscou. Paralelamente autores mais populares se encontrarão com seus leitores e participarão de uma online conferência.
Não sou contra a celebração da leitura. Sou a favor de todos os meios possíveis para incentivar a leitura. Mas duvido muito que os hábitos de leitura e de não-leitura de qualquer pessoa se modifiquem por causa de uma noite. Um dia. Uma troca de livros. Isso deveria de ser chamado de “festa de livros” onde variados leitores saem de suas respectivas e confortáveis cadeiras para se auto-congratularem por serem leitores; trocar uma ou outra ideia sobre o que leram sem querer estrelato. Estrelato não combina com leitura.
A leitura é um hábito. Precisa ser cultivado como um hábito como um vício. É para se fazer constantemente. Sempre. Com chuva ou com sol. No inverno e no verão, na rua, no ônibus, em casa. Na biblioteca. No jardim, na viagem, no quarto do hotel. Na sala de espera do dentista. No fila do banco. É assim como um vício social: você não pode viver sem. A diferença entre a leitura e o tabaco é que ela só faz bem.





Bom dia querida Peregrina!
Assim que vi esta postagem tratei de ler! Acho a iniciativa interessante mas para o aficcionados na leitura esta ação não diz muito…você conclui, em seu último paragrafo, brilhantemente, disse tudo! Quem lê, é sempre, em todos os momentos, não passa sem uma leitura, você deu um show de conclusão, parabéns! Afetuoso abraço.
Obrigada, Maria de Fátima, às vezes eu acho que a minha veia romântica anda curta! Esse tipo de ação, de ocasião única, é de um romantismo, de um idealismo que andam meio apagados pela minha experiência. Hoje o que me atrai são menos ideias e mais ações; menos festa e mais resultado. É o que dita a minha experiência. Muito obrigada pelo comentário. Um abraço carinhoso, Ladyce
É, isto ocorre mesmo, até comigo… ando assim querida. As vivências nos levam isso, acho, beijos.
Ladyce,
Perfeita, sua visão crítica. Estrelato não combina com leitura e não deveria atrair levianamente nem escritores, nem leitores.
Como pertencemos ao grupo dos viciados, vale um brinde: à saúde dos bons leitores e pela manutenção das ideias e reflexões – tudo em extinção!
Beijo, da Nanci.
Nanci, ando muito cansada de blá-blá-blá. Dessa perpétua adolescência em que vivemos. Das manifestações, da procura pelos 15 minutos de fama. Dessa permanente re-invenção de prioridades, com zero cuidado para os minutos seguintes, para as consequências. Talvez hoje não tenha sido o dia certo de ler mais uma ação fantasiada de cultura com direito a máscara e lantejoulas.
Um brinde aos leitores, sim, isso vale um brinde. Beijinhos, Ladyce
Sinto que conheço algo assim; Melhor dizendo, me senti russa! Largo livro há alguns anos.
Eu sei, me lembrei de você… 🙂